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O PRIMEIRO DIA COM LEONARDO DA VINCI

  • Foto do escritor: LORY DARX
    LORY DARX
  • 23 de fev. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 19 de abr. de 2023

MONALISA E O SEGREDO DO SANTO GRAAL


capitulo 1

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Nem acreditei quando o Francesco concordou com a ideia de que para ter o quadro que tanto queria, teria que permitir que eu posasse para as sessões de pintura. Afinal, para que o quadro ficasse bom, eu precisava posar, e em casa não era possível ter sossego nunca!


Mal sabe ele o quanto eu precisava sair um pouco, e respirar!! A minha vida estava um tédio! Eu parecia uma velha trancada em casa cheia de filhos, costurando as cuecas do marido e colhendo repolhos pro jantar!

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- Logo eu que queria conhecer o mundo, fui privada de viajar sozinha!

Eu não queria casar, mas agora que casei, não posso me queixar, sou uma mulher feliz, eu admito.


Mas nossa diferença de idade deixa o Francesco inseguro, ele sempre me respeitou, mas eu percebo o mau humor dele quando esta enciumado.


- Será que ele sabe da fama do da Vinci? Não deve saber. Não é possível! Se soubesse jamais liberaria! Nenhum marido no mundo deixaria pintar nada se soubesse! - pensei enquanto ia pro meu primeiro dia com o grande Leonardo Da Vinci!!


Todos sabiam que Leonardo era uma pessoa incomum, mas eu sei de tantas histórias malucas dele que se Francesco soubesse a metade, não haveria chance de quadro nem nada! - falei sozinha, sacolejando na carruagem da nova.


Eu estava muito ansiosa. Não tinha certeza se estava parecendo uma boba com borboletas na barriga, ou se estava enjoada com a viagem!


Passei a noite em claro na véspera de tanta ansiedade que sentia!


- Ele é só um homem que também faz cocô, como todos!!! - eu dizia isso sempre que me sentia nervosa por causa de alguém importante.

Meu marido conhecia muitas pessoas importantes e eu ainda não me acostumei, afinal, geralmente sou a única mulher num grupo de homens bem mais velhos que eu.


Ao chegar na residência de Leonardo, fui recebida por um empregado que se apresentou como Giuseppe ao seu dispor!

Ele me levou até uma sala dentro da casa e lá me deixou, esperando o mestre.


Era uma sala bagunçada, mas tinha personalidade!


O piso de madeira tinha uma linda cor de whisky e formava o par perfeito com os móveis de madeira que eram todos em tons variados da mesma cor caramelada do piso. Havia também um lindo tapete, persa provavelmente, pois era lindíssimo, digno de um palácio! Sua estampa tinha desenhos geométricos que formavam figuras que pra mim lembravam símbolos antigos, e flores, flores de lis, várias, em tons de amarelo, azul e laranja. O sofá e o chaise eram de couro marrom bem escuro, haviam almofadas e objetos de decoração muito bem combinados apesar do estilo rustico, era elegante e confortável - Coisa de mulher, com certeza! - Pensei olhando pra aquilo tudo - Ele deve ter uma mulher na vida dele! - conclui.


- Olá Senhora Giangiacomo! Como está ?


- Oi! Olá! Estou bem e o senhor? Como tem passado? - perguntei tentando manter o profissionalismo.


- Eu estou animado com você aqui! - disse ele - Ouvi muitas coisas sobre as suas habilidades e estudos, e acredito que talvez você e eu possamos realizar juntos muito mais que apenas um retrato! - e sorriu pra mim apenas com um lado da boca

; Posso te chamar de Lisa? Voce eh muito nova pra ser uma senhora! Prometo que em publico mantenho senhora GianGiacommo! E eu sou só Da Vinci pros amigos! Combinado?


Fiquei vermelha. Não entendi ao certo o que ele queria dizer com aquilo que falou. Era a nossa primeira sessão, era um quadro que havíamos combinado com meu marido. - Será que estou passando a impressão errada sobre mim e por isso ele está tão íntimo? - pensei insegura - melhor eu ser mais séria - me lembrei que minha mãe havia me dito que uma mulher casada não deve ficar sorrindo para outros homens - mulher que sorri demais fica falada - dizia mamãe


- Seria esplêndido! - tirei essa palavra de alguma memoria perdida na minha cabeça. Era a palavra mais formal que pude pensar na hora e achei que era uma coerente para criar distância segura caso ele estivesse mal intencionado. - Confesso que odeio ser chamada de senhora! Me sinto com 100 anos!


- Bom, então vamos começar! ?- disse ele e apontou uma cadeira posicionada em frente de um tapete arraiolo pendurado na parede cuja imagem estampada trazia uma paisagem - Era bonito! -pensei e sentei na cadeira, meio sem graça. Corrigi minha postura e perguntei>

- Está bom assim? - Arrumei meu vestido pra eu não ficar gorda, e olhei pra ele


- Vire seu corpo um pouco pra direita, não muito. Fique mais ou menos na metade da distância entre agora e como estaria se estivesse de perfil - pediu ele


Virei a cadeira só um pouquinho sentei e olhei pra ele novamente, com a mesma cara.

Não era so a minha mae que dizia que as mulheres nao devem sorrir, existia um livro de boas maneiras e regras de etiqueta que toda menina ganha quando fica ¨mocinha - tambem a mao direita deveria sempre vir na frente da esquerda e ao andar, a direita deve ficar sempre a frente do corpo. Minha mãe me fazia treinar isso me fazendo andar pelo corredor de casa com um livro na cabeça. Era ridiculo eu andava igual um pinguim - e me diverti por lembrar que mamãe ficava maluca comigo!! - quase ri com essa memoria mas segurei e fiquei firme, acho. Ou será que sorri demais ?


- Esta perfeito! - disse ele animado

- Não se mexa! - e começou a rabiscar uma tela que estava já no cavalete, me esperando, com um pedaço de carvão quebrado que ele pegou das cinzas que sobraram da lareira.

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Sentada e calada pensei coisas impensáveis e agradeço terem sido apenas pensamentos, pois as palavras pensadas eram secretas e silenciosas, e portanto eram invisíveis a tudo que estava fora da minha cabeça, principalmente de Leonardo e seus olhos de diamante!

Leonardo tinha um olhar diferente, como se estivesse me olhando quase que por dentro. - Será que ele sabe ler os pensamentos? - tremi.


- Me conte um pouco de você - disse ele - Lisa, você nasceu aqui em Florença mesmo ? - perguntou ele e então percebi que ele não se lembrava de mim. Ele não havia reconhecido a menina que corria e procurava dentes de leão pelos jardins da fazenda de Michelangelo, há alguns muitos anos atrás - eu tinha uns 13 anos acho! - pensei - O olhar dele continua o mesmo, e brilha igualzinho a anos atrás quando nos conhecemos, mas ele já não era mais tão jovem, o que fazia de mim a figura mais bonita da nossa história, seja qual fosse o final dela - mas mesmo assim, era um homem bonito.

O olhar de diamante vinha em um corpo alto e atlético, e quando usado junto com o sorriso e a inteligência das palavras, era imbatível, ninguém podia com ele - admirei secretamente eu, a pessoa que era Leonardo da Vinci.


- Que homem bonito - pensei, tentando manter a expressão de paisagem.


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