top of page

JOANA DARK - PRIMEIRA VISÃO

  • Foto do escritor: MISTERIOUS MONA
    MISTERIOUS MONA
  • 8 de mai. de 2019
  • 4 min de leitura

CAPÍTULO 2 - @grietduch


Minha mãe havia me pedido que fosse tirar um pouco de leite pois as crianças estavam com fome e tínhamos pouco trigo guardado. - "Leite de vaca sustenta bezerro" - dizia ela. A vida em Domrémy era tranquila e muito feliz, mas o inverno no interior da França por volta de 1425, era a parte mais difícil.

O vento estava forte aquele dia, o sol brilhava sozinho, sem nenhuma nuvem de moldura, mas era como se não estivesse lá. O sopro gelado parecia uma navalha. E a nossa única vaca estava no pasto e era lá no alto do morro. Um morro gelado sem nenhuma arvore de barreira. Só um mato queimado da geada.

- Vá com as botas do seu pai e não esqueça de se agasalhar bem. Pegue aquela capa de lã com capuz! - ordenou mamãe. - Mas mamãe, como vou subir todo aquele morro com os sapatos enormes do papai? - Andando oras! Vamos economizar na sujeira! Está muito frio e o rio está gelado. Além disso, nada seca nesse tempo! - disse ela já matando qualquer argumento meu.

Como posso reclamar se possivelmente eu fosse ser a lavadeira? Era melhor mesmo sair de espantalho e pé de pato.

- Tô indo. - levantei de botas amarradas e vesti o capuz.

- Leve a leiteira grande e o almoço do seu pai! Ele deve estar com fome! - ordenou ela novamente.

E saí em busca do leite cantarolando uma música que estava me infernizando a cabeça, tocando repetidamente dentro de mim desde que eu saí da cama naquela manhã:

"LÁ EM CIMA DAQUELE MORRO, TEM UM VELHO GAIOLEIRO, QUANDO VÊ MOÇA BONITA, FAZ GAIOLA SEM POLEIRO"..


Conforme eu subia o bendito morro, o vento gelava mais e mais. - Meu Deus! Assim eu não aguento! Vou congelaaaaaar!! - reclamei com Deus alto tremendo de frio. Estava batendo os dentes. - Ave Maria! Acelerei o passo pois para chegar no pasto era uma boa caminhada.

Não havia nenhum pássaro voando, nenhum pio. Só se ouvia o uivo do vento frio. - Que silêncio! Bichos espertos foram pela mata! - e percebi que se eu fosse pelas margens da pastagem, pela borda da mata, as árvores me protegeriam um pouco do gelo. E resolvi sair à francesa do meu plano: pela margem direita!

Parei pra fazer um intervalo perto dos pinheiros, onde tinha um tronco caído que daria um ótimo banco. Sentei, larguei a trouxa com a comida do meu pai no chão ao lado da leiteira, bem ao pé do tronco sofá. Eu precisava respirar sem aquele capuz. Quando me sentei, a posição que escolhi era um ponto cego: o raio de sol que passava entre a copa das árvores estava num ângulo me deixava cega. Conforme ventava meu mundo ficava branco e em seguida colorido. Me senti brincando de "cadê o nenê" de um jeito esquisito. Eu era o nenê..

Quando olhei mais pra dentro da mata, meu mundo branco me trouxe um anjo. Havia uma mulher me olhando. Uma guerreira. E como brilhava! Meus olhos ardiam! - Joana! - disse ela. - Não tenha medo! - completou lendo os meus pensamentos. - Olá senhora! Não consigo vê la muito bem de onde estou! A senhora é um soldado? - perguntei sem avaliar o risco da pergunta a uma mulher desconhecida de armadura e espada no meio do mato. Era muita informação para uma menina de 13 anos como eu. Nunca havia visto mulher soldado antes.

- Giovana filha de Jacques e Isabelle, você acredita em Deus? - perguntou ela brilhando no sol. - Sim senhora! Na minha família somos todos católicos e tementes a Deus nosso senhor! - respondi como mamãe ensinou.

- Meu nome é Catarina. Estava esperando você chegar pois tenho uma mensagem de Deus para você.

Eu jamais consegui explicar claramente o que senti naquele momento. Mas eu tinha dentro de mim uma certeza absoluta de que ela dizia a verdade.


- Mensagem de Deus? Eu não vou morrer agora vou? Só tenho 13 anos e sou a única menina. Mamãe precisa de mim. - eu não queria morrer!

- Você confia em Deus, minha filha? - perguntou ela com uma voz suave.

- Sim! Confio! - disse com segurança. - Ajoelhe-se! Preciso lhe devolver uma coisa que lhe pertenceu em outra vida.

E eu me ajoelhei ali mesmo onde estava e abaixei a cabeça como se fosse ser benzida por sua santa espada. - Vou virar Milady? - lembrei de um dia que vi um homem virar Lord na praça de Domrémy

- Apenas feche seus olhos. Você saberá do que se trata.

Obedeci. Fechei os olhos, respirei fundo e senti a ponta da espada dela tocando levemente minha cabeça e em seguida meu ombro esquerdo e o direito e tudo ficou branco.E assim ficou por alguns segundos, até que o branco foi se tornando transparente e eu consegui ver mundo novamente. Eu não estava mais na mata que beirava o pasto onde papai havia levado o gado aquele dia. Eu estava numa espécie de tenda branca muito grande junto com outras pessoas, homens e mulheres vestidos de branco. Vestiam uma roupa estranha grudada ao corpo, era um traje elegante, mas ao mesmo tempo esquisito. - hoje posso dizer que era futurista mas naquele dia achei muito estranho.

De repente percebi que eu também estava de uniforme. - Atenção todos os guardiões de quarto grau - disse um homem que parecia o líder do grupo. Eu tinha a sensação que conhecia aquele homem. Eu conhecia todas aquelas pessoas. E elas me conheciam também. No mesmo instante que ele disse "quarto grau" minha veste se acendeu muito forte e voltou ao normal em seguida, porém ao voltar do flash, eu vestia uma espécie de armadura toda branca, coberta de escamas brancas que pareciam feitas de madrepérola. Tinham aquele birlho cintilante furta cor que conforme eu me mechia, aparecia em cada uma delas um pequeno arco-íris interno, um pouco transparente como os que vemos numa de bolha de sabão e depois voltava a ser branco ofuscante. Apenas alguns.. (CONTINUA...)

Комментарии


bottom of page